quinta-feira, 12 de abril de 2012

Nepal e Índia II



Esta vista geral da cidade de Katmandu, tirada de um ponto alto, não permite ver os Himalaias, pois as condições atmosféricas não eram as melhores para esse efeito.

 


Templo da Deusa Kumari, a Deusa Viva dos Nepaleses, que não pode ser vista por estrangeiros.

Há mais de 2.600 anos que existe no Nepal a adoração à Deusa Viva, representada pelo culto à Kumari. Em nepalês, Kumari significa virgem. Kumari, ou Kumari Devi é o título concedido às meninas que são consideradas aspectos vivos da Deusa Durga.

O culto impõe a veneração de uma criança, símbolo da pureza, escolhida após realização de severo ritual de iniciação e investida com o supremo poder de Deusa e adorada pelo povo como divindade. Esta criança  é considerada como encarnação temporária de Taleju Bhawani, que é a manifestação da face feminina da  deusa DURGA, a Mãe Universal.
A seleção para a escolha da Deusa Viva, faz-se através de um ritual tântrico muito elaborado. Depois de passar nos testes preliminares, compostos de 32 atributos de perfeição, como ter a pele perfeita, sem nenhuma cicatriz, traços particularmente finos, personalidade angelical, cor dos olhos e dos cabelos, que devem ser pretos, ter todos os dentes, som da voz, etc., o seu horóscopo é também ser analisado e é ao astrólogo oficial que cabe a última palavra.

São, normalmente, crianças na faixa etária dos  3 ou 4 anos e a escolhida só reina até ser menstruada pela primeira vez, perder sangue num acidente ou contrair determinadas doenças. Segundo a tradição, a deusa não pode ter nenhum tipo de sangramento.

Através de cerimónias próprias, a Kumari renuncia formalmente ao título e inicia-se a escolha da sua sucessora.

A Kumari de Katmandu atual é Matani Shakya, escolhida em 2008, quando tinha apenas três anos de idade. As Kumaris de Katmandu vivem no prédio conhecido como Kumari Ghar.

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Tradicionalmente exitem três Kumaris no Nepal, respectivamente em Patan, Bhaktapur e Katmandu.

A Kumari é, normalmente, seleccionada no clã Shakya, o mesmo a que pertenceu Siddharta Gautama. É, portanto, uma parente distante do Buda Shakyamuni.

Venerada por alguns hinduístas do País e por budistas nepaleses, a Kumari não é, porém adorada pelos budistas tibetanos.

Recentemente tem vindo a aumentar a controvérsia sobre o papel de Kumari e tem-se tornado difícil o recrutamento de candidatas entre as famílias Shakya.

 
Com o passar dos tempos, a Kumari tem vindo a transformar-se numa verdadeira atracção turística. Como os estrangeiros não têm permissão para visitá-la, alguns turistas  esperam longas horas para ver se têm a sorte de ver a Deusa aparecer numa janela, o que raramente acontece e, quando acontece, é apenas por breves segundos e não são permitidas fotografias.
 
A Kumari não pode sair do palácio, nem mesmo para ir ao pátio interior. Cresce sem sentir o mínimo raio de sol  ou uma gota de chuva escorrer sobre a pele, sendo sempre transportada ao colo, quando necessita de deslocar-se, por forma a não colocar os pés no chão. 

É maquilhada, coberta de jóias e colocada no alto de um trono de ouro para receber os seus visitantes, tque se colocam aos seus pés para ganhar a bênção que traz boa sorte.

A Kumari recebe muitas oferendas, presentes e até dinheiro dos visitantes. Quase tudo vira benefício para seus guardiões (todos provenientes da mesma família há gerações) porque, no dia de sua partida, a deusa deve deixar o palácio de mãos vazias.
Os seus deveres públicos consistem em fazer aparições ocasionais numa janela, bem como participar da cerimônia de cerca de 6 festivais por ano.

Todas as manhãs lhe dão banho, num impressionante ritual de cerimónias e de preces, com diversos incensos a arder.  

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