quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Milagres Acontecem


Milagres acontecem, mesmo! Algumas pessoas ainda duvidam, mas creio que será apenas por não darem oportunidade à Vida de o evidenciar.

Um dia, num encontro em casa da L., ela colocou-me uma questão:

- Queres levar aquela planta e tomar conta dela?

Respondi que sim. É muito bonita. É da família dos catos, mas em forma de rosa aberta.

Dei-lhe as boas vindas à nova morada e coloquei um pauzinho que termina numa galinha gordinha amarela, para lhe dar suporte.

Ontem a L. foi lá a casa, conhecer o espaço que vamos partilhar e levei-a a ver a sua flor.

Ficou feliz.

- Sabes de onde é que ela veio?, perguntou.

- Não, não faço ideia!

Rindo, respondeu: - De Mafra, querida! E voltou para Mafra, à espera que eu chegasse.

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Sem Cipralex

Pois é, não sei onde tinha a cabeça ontem. Talvez, como disse o meu neto mais novo: em cima dos ombros, mas com um botão desligado!
 
O dia acordou cinzento, as estradas molhadas, mas a alegria e a sensação de bem-estar evidenciavam a aceitação das dádivas naturais ao meu alcance diariamente.
 
Deixei-me dormir, o que não é hábito e vi que não tinha tomado os comprimidos da noite, quando estava a preparar os da manhã. Ah! também me esqueci que é quinta-feira e que o Martim vem almoçar. Improvisei e o almoço ficou pronto num instante.
 
Afinal, de tão atrasada que parecia estar, fiz tudo na mesma e consegui chegar antes da hora ao escritório. Será que posso começar a levantar-me meia hora mais tarde? Creio que sim. É só uma questão de não ser tão preciosista em certas coisas, como deixar o quarto arrumado, o quarto de banho limpo, a loiça lavada, pequenas coisas que posso perfeitamente fazer quando chego ao fim do dia. Excepto fazer a cama - coisas de padrões ancestrais que habitam dentro de mim e que não colocam sequer a hipótese de mudar de casa!
 
O trabalho não mata, mas a má disposição da S., o negativismo e os modos rudes de filha única e mimada, começam a cansar-me. Faço um esforço propositado para não me envolver e não corresponder à agressividade e má educação que me vai sendo atirada.
 
Mas já faltou mais para sair. São quase cinco horas. Estou sempre desejosa de chegar a casa, talvez por passar lá tão pouco tempo, há tantos anos ...
 
 

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Anjos


 
 
 
 
 
 


Subitamente apareceu um Anjo na minha vida. No momento certo, com a doçura, a candura e a tranquilidade que sempre imaginei num anjo.
 
Bateu-me à porta ao de leve e estou à espera que traga a bagagem para partilhar o espaço que diariamente me acolhe e a que dou o nome de casa. 

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Encontros com a Lua Nova

 
No Sábado tive um dia muito completo e intenso, começando pela ajuda a duas amigas, na limpeza de uma casa antiga ainda recheada de todas as inutilidades que se deixam para trás quando nos mudamos para outro local, incluindo toda a sujidade própria das alturas de mudança, em que esta já não apetece, porque estamos já com o pé no novo lugar a habitar, concentrando nele todas as energias e desejos.
 
Depois de um jantar deliciosamente acompanhado pela conversa com uma jovem amiga, ambas fomos ter com a Ana e os Anjos, no caso vertente Harahel, para dar início aos Encontros com a Lua Nova, integradas num pequeno grupo marcadamente feminino.
 
Esta Lua costuma mexer muito comigo, mas nessa noite, de modo particular, pois estava ansiosa, irrequieta, com falta de concentração, enfim, culminei numa valente queda, por não ver um degrau já meu conhecido de há muito.
 
Na meditação, ao contrário do que é costume - entrega total - senti-me irrequieta e, por mais de uma vez, ia caindo da almofada em que estava sentada.
 
O sono tornou a minha viagem de regresso a casa mais pesada do que habitualmente e, no Domingo, acordei com uma sensação de tristeza subjacente e um embargo de voz, molhados por lágrimas que teimaram em não ver o dia cinzento que se apresentava.
 
P Martim festajava o seu 11º aniversário com alguns amigos e eu estava desejosa de recolher a casa, ao silêncio do meu quarto, fechar os olhos e apenas dormir. O corpo e o espírito queixavam-se em sintonia de um cansaço invulgar.
 

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

A minha Tia

A Tia Biatina partiu, e com ela muitas recordações da minha infância e adolescência, até mesmo já de adulta, quando aos Domingos a visitava e íamos tomar um café ao "Careca".
 
Ou quando o Tio Xico ainda vivia e, antes de jantarmos juntos, fumávamos um ou dois cigarros, enquanto beberricávamos um whiskinho. E a conversa fuía, sobre os mais variados assuntos, normalmente os assuntos dominantes da semana.
 
Foi uma presença quase diára na minha vida, até certa altura. Todos os dias se falavam, a minha avó, a minha mãe e ela. Tinham sempre novidades, combinações a fazer, "acertos" de pequenos desaguisados que surgiam de quando em vez.
 
Curiosa a forma como as manas se cumprimentavam. Apertavam-se os dedos, como se de um aperto de mão se tratasse, atirando dois beijinhos aos ar, como se na cara os trocassem.
 
Ambas eram muito bonitas. Uma mais forte, a outra mais magra, mas muito bonitas, na verdade.
 
O Moinho Vermelho, a Zurique, O Roma e a Capri eram locais habituais. Todos os dias estavam a tomar o seu cafezinho num deles. Mais raramente na Mexicana, talvez por ser um pouco mais fora de mão. E havia sempre assunto!
 
A tia gostava de arranjar-se, tornava-se mais vistosa do que a irmã, apesar dos olhos lindos cor de azeitona com pintinhas amarelas da minha mãe. Eram duas irmãs cuja ausência se sentiu, após a partida da avó e depois da minha mãe. Inseparáveis.
 
Penso que em breve se encontrarão em casa do Pai e, ao invés do simbólico aperto de mão, se abraçarão com ternura, mitigando as saudades da vivência desta vida afinal tão curta.
 
Deitei-me cedo ontem, muito cedo. Não estava bem. Alguma coisa me incomodava, alguma coisa que atribuía à queda da véspera e ao dedo mindinho da mão direita, inchado e dorido. Não conseguia sossegar e aparecia-me a frase "a Tia Biatina ... morreu!". A nitidez era assustadora, mas não esperei ver a confirmação numa mensagem do meu irmão esta manhã, no telemóvel.
 
Ao choque sucedeu-se a tristeza, uma tristeza ténue mas profunda, que se foi instalando e que ainda não consegui afastar. A saudade aumenta, quando pensamos que o reencontro pode tardar.
 
Um beijo Tia e que a Luz a conduza pelo caminho certo à morada do Pai. Aqui fica a minha homenagem, a minha amizade e a minha admiração pela mulher que escolheu ser nesta Vida.