quarta-feira, 18 de abril de 2012

Nepal e Índia - O Rio Ganges (Ganga)


O rio Ganges, também conhecido como rio Benares, é  um dos vinte maiores do mundo. É considerado um rio sagrado para os hindus, que o veneram na forma da da deusa Ganga.
Varanasi, na margem do rio, é considerada a cidade mais sagrada do hinduísmo. Existe o costume de lançar ao rio as cinzas dos entes queridos que foram cremados.
Para os hindus da Índia, o Ganges não é só um rio, é também uma divindade materna.
Alguns hindus acreditam que uma vida não se encontra completa sem um mergulho no Ganges, pelo menos uma vez na vida. Muitas famílias conservam um frasco com água do rio em suas casas, acreditando que beber da sua água, pode limpar todos os pecados e até, no caso dos doentes, proporcionar a sua cura.
Algumas das congregações religiosas e festivais hindus mais importantes realizam-se na margem do rio Ganges.


Ritual com 9 sacerdotes, em honra do Ganges







Banho de purificação no Ganges - Varanasi



Mulheres a lavarem roupa no Ganges






O nascer do Sol no Ganges


Uma rua em Varanasi

segunda-feira, 16 de abril de 2012

60 Anos

É verdade, completo hoje 60 anos desta minha existência, numa vida que tem vindo a ser mais saboreada e tranquila, à medida que o tempo vai avançando.
Hoje estou particularmente feliz, alegre por dentro e por fora, e até o Tejo - que tenho a sorte de ver através da janela do meu gabinete - parece mais brilhante e azul.
O dia acordou solarengo, ao contrário do fim-de-semana, com vento, frio e chuva, e o Sol faz-me sempre sentir renovada. Belo presente que o Universo me deu! Há pessoas de sorte!
Ontem à noite, já não muito cedo, resolvi tirer uma carta do baralho "Ascended Masters", da Doreen Virtue, uma senhora linda por dentro e por fora, que possui uma vasta obra publicada sobre temas variados. O resultado foi:

Em conjunto com uma amiga recente mas muito querida, completamos hoje 100 anos, no total. Não é fantástico?

Que possso desejar mais? Apenas que o maior número de pessoas do Planeta possa sentir, nem que seja por um minuto, a felicidade que eu sinto desde que acordei.

Nepal e Índia III

Felicidade é quando o que você pensa, o que você diz e o que você faz estão em harmonia.” - Mahatma Gandhi
  





  




                                         




Mohandas Karamchand Gandhi, mais popularmente conhecido por Mahatma Gandhi (do sânscrito "Mahatma", "A Grande Alma") foi o fundador do moderno Estado indiano e o maior defensor do Satyagraha (princípio da não-agressão, forma não-violenta de protesto) como meio de revolução.
O princípio do satyagraha, frequentemente traduzido como "o caminho da verdade" ou "a busca da verdade", inspirou gerações de activistas democráticos e de anti-racismo como, por exemplo, Martin Luther King e Nelson Mandela.

Licenciou-se em Direito, em Londres.





Em 1891 regressou à Índia, para partir, quase de seguida, para na África do Sul, em representação de uma firma hindu em KwaZulu-Natal, num processo judicial.





O facto de ter estado na África do Sul, onde a discriminação racial é notória, despertou em Gandhi a consciência social. Depois de resolver um caso difícil como advogado, passou a ser conhecido. Ele mesmo relata: "eu tive um aprendizado que me levou a descobrir o lado melhor da natureza humana e entrar nos corações dos homens. Eu percebi que a verdadeira função de um advogado era unir rivais de festas a parte".
Acreditava que o dever do advogado era ajudar o tribunal a descobrir a verdade, não tentar incriminar o inocente.

Gandhi acabou por ficar vinte anos na África do Sul defendendo a minoria hindu, liderando a luta do seu povo pelos seus direitos. Vivenciou o celibato durante trinta anos e, em 1906, realizou o juramento de Brahmacharya (celibato ou abstenção sexual, levar uma vida pura e isenta de promiscuidades, com desapego à vida material) até ao fim da vida.

Esta renúncia aconteceu quando Gandhi tinha 36 anos de idade e ainda era casado. P passava um dia da semana em silêncio. Abster-se de falar, segundo acreditava, trazia-lhe paz interior. Nesses dias comunicava com os outros através da escrita.

Regressou à Índia em 1915 e passou a exercer o papel de consciencializador da sociedade hindu e muçulmana na luta pacífica pela independência indiana, baseada no uso da não violência. Este, por sua vez, baseava-se no uso da desobediência civil.

Gandhi estava pronto para morar nas ruas sujas com os intocáveis se fosse necessário. Recebeu uma quantia avultado de um anónimo e passou a ajudar os necessitados e as crianças carentes. Foi nesta altura que deixou de usar as roupas que representavam riqueza e sucesso, passando a usar um tipo de roupa que costumava ser usada pelos mais pobres. Promovia o uso de roupas feitas em casa.

Gandhi e os seus seguidores fabricavam artesanalmente os tecidos da própria roupa.






E
m 1917 Gandhi ajudou as pessoas que trabalhavam em tecelagens e que eram injustamente explorados pelos proprietários das fábricas de tecelagem.
Realizou várias viagens pela Índia, a fim de conseguir a consciencialização das pessoas, mostrando a necessidade da prática da desobediência civil e do uso da não violência. Nos finais dos anos 20, Gandhi escreveu uma auto-biografia que retratava as experiências vividas.








(Bandeira da Índia - 1921)


O tear manual viria a ser incorporado à bandeira do Congresso Nacional Indiano e à própria bandeira indiana.






Nos seus discursos, Gandhi mostra, através dos dedos da mão, o seu programa de cinco pontos:

·         igualdade;

·         nenhum uso de álcool ou droga;

·         unidade hindu-muçulmano;

·         amizade;

·         e igualdade para as mulheres.


·      Os cinco dedos representavam o sistema e estavam ligados ao pulso, simbolizando a não-violência.

Gandhi foi assassinado Nathuram Godse, no dia 30 de Janeiro de 1948, em Nova Deli.  Godse foi julgado, condenado e enforcado, a pesar do último pedido de Gandhi que foi a não-punição de seu assassino.
O corpo do Mahatma foi cremado e as suas cinzas foram deitadas no rio Ganges.















As últimas palavras de Gandhi “Hai Ram!”, podem ser interpretadas como um sinal de inspiração tanto para o espírito quanto para o idealismo político, relacionado com uma possibilidade de paz na unificação.






A filosofia de Gandhi e suas ideias sobre o satya e o ahimsa foram influenciadas pelo Bhagavad Gita e por crenças hindus e da religião jainista. O conceito de 'não-violência' (ahimsa) permaneceu por muito tempo no pensamento religioso da Índia e pode ser encontrado em diversas passagens do textos hindus. Gandhi explica sua filosofia como um modo de vida na sua autobiografia “As Minhas Experiências com a Verdade” (The Story of my Experiments with Truth).





Estrictamente vegetariano, escreveu livros sobre o vegetarianismo enquanto estudava direito em Londres. Gandhi experimentou diversos tipos de alimentação e concluiu que deve ser suficiente satisfazer as necessidades do corpo humano. Jejuava muito, e usava o jejum frequentemente como estratégia política.










Mahatma Gandhi, continuou a transmitir seus ensinamentos de manifestação não-violenta até seus últimos anos de vida.





Raj Ghat (o túmulo de Mahatma Gandhi)
















(Estátua de Mahatma Gandhi Nova Deli)




Bandeira da Índia
Significado, cores e história da bandeira indiana



 







A actual bandeira da Índia foi adoptada em 22 de julho de 1947, durante a reunião da Assembleia Constituinte, 22 dias antes da independência.


Esta bandeira é inspirada no pavilhão do Congresso Nacional Indiano e foi elaborada pelo desenhinsta indiano Pingali Venkayya.


A bandeira é constituída por três listras horizontais nas cores açafrão, branco e verde. No centro da bandeira há uma roda de cor azul-marinho com 24 raios que é a Ashoka Chakra (Roda do Dharma, símbolo do hinduísmo).





quinta-feira, 12 de abril de 2012

Nepal e Índia II



Esta vista geral da cidade de Katmandu, tirada de um ponto alto, não permite ver os Himalaias, pois as condições atmosféricas não eram as melhores para esse efeito.

 


Templo da Deusa Kumari, a Deusa Viva dos Nepaleses, que não pode ser vista por estrangeiros.

Há mais de 2.600 anos que existe no Nepal a adoração à Deusa Viva, representada pelo culto à Kumari. Em nepalês, Kumari significa virgem. Kumari, ou Kumari Devi é o título concedido às meninas que são consideradas aspectos vivos da Deusa Durga.

O culto impõe a veneração de uma criança, símbolo da pureza, escolhida após realização de severo ritual de iniciação e investida com o supremo poder de Deusa e adorada pelo povo como divindade. Esta criança  é considerada como encarnação temporária de Taleju Bhawani, que é a manifestação da face feminina da  deusa DURGA, a Mãe Universal.
A seleção para a escolha da Deusa Viva, faz-se através de um ritual tântrico muito elaborado. Depois de passar nos testes preliminares, compostos de 32 atributos de perfeição, como ter a pele perfeita, sem nenhuma cicatriz, traços particularmente finos, personalidade angelical, cor dos olhos e dos cabelos, que devem ser pretos, ter todos os dentes, som da voz, etc., o seu horóscopo é também ser analisado e é ao astrólogo oficial que cabe a última palavra.

São, normalmente, crianças na faixa etária dos  3 ou 4 anos e a escolhida só reina até ser menstruada pela primeira vez, perder sangue num acidente ou contrair determinadas doenças. Segundo a tradição, a deusa não pode ter nenhum tipo de sangramento.

Através de cerimónias próprias, a Kumari renuncia formalmente ao título e inicia-se a escolha da sua sucessora.

A Kumari de Katmandu atual é Matani Shakya, escolhida em 2008, quando tinha apenas três anos de idade. As Kumaris de Katmandu vivem no prédio conhecido como Kumari Ghar.

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Tradicionalmente exitem três Kumaris no Nepal, respectivamente em Patan, Bhaktapur e Katmandu.

A Kumari é, normalmente, seleccionada no clã Shakya, o mesmo a que pertenceu Siddharta Gautama. É, portanto, uma parente distante do Buda Shakyamuni.

Venerada por alguns hinduístas do País e por budistas nepaleses, a Kumari não é, porém adorada pelos budistas tibetanos.

Recentemente tem vindo a aumentar a controvérsia sobre o papel de Kumari e tem-se tornado difícil o recrutamento de candidatas entre as famílias Shakya.

 
Com o passar dos tempos, a Kumari tem vindo a transformar-se numa verdadeira atracção turística. Como os estrangeiros não têm permissão para visitá-la, alguns turistas  esperam longas horas para ver se têm a sorte de ver a Deusa aparecer numa janela, o que raramente acontece e, quando acontece, é apenas por breves segundos e não são permitidas fotografias.
 
A Kumari não pode sair do palácio, nem mesmo para ir ao pátio interior. Cresce sem sentir o mínimo raio de sol  ou uma gota de chuva escorrer sobre a pele, sendo sempre transportada ao colo, quando necessita de deslocar-se, por forma a não colocar os pés no chão. 

É maquilhada, coberta de jóias e colocada no alto de um trono de ouro para receber os seus visitantes, tque se colocam aos seus pés para ganhar a bênção que traz boa sorte.

A Kumari recebe muitas oferendas, presentes e até dinheiro dos visitantes. Quase tudo vira benefício para seus guardiões (todos provenientes da mesma família há gerações) porque, no dia de sua partida, a deusa deve deixar o palácio de mãos vazias.
Os seus deveres públicos consistem em fazer aparições ocasionais numa janela, bem como participar da cerimônia de cerca de 6 festivais por ano.

Todas as manhãs lhe dão banho, num impressionante ritual de cerimónias e de preces, com diversos incensos a arder.  

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Nepal e Índia



Finalmente, no passado dia 9 de Março, pousei os pés na Índia, em Nova Delhi. Senti que tinha chegado a casa, que procurava avidamente com os olhos tudo o que precisava de ver, de absorver, de interiorizar.
Nada me parecia estranho, nem os cheiros, nem as pessoas, o trânsito, as vacas que cruzavam silenciosamente as ruas.
Não vi tristeza, vi desapego, senti amor, muito amor, como se conseguisse que, através dos meus braços, todos os indianos fossem abraçados, acarinhados, tivessem um ombro onde se recostarem para sentir o calor de que todos necessitamos.
Estas foram as minhas primeiras sensações. Isto foi o que senti enquanto ia cruzando as ruas que, desalinhadas, que me conduziam do aeroporto até ao hotel.
Reconheci rostos, hábitos, deuses. Aprendi muito e amei o que fiquei a saber de novo. Não há pressa, não se corre, tudo parece estar no lugar certo. Tudo faz sentido. É difícil regressar.

Conhecemos a nossa sombra?