sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Amar

É fácil amar os que estâo longe. Mas nem sempre é fácil amar os que vivem ao nosso lado.

(Madre Teresa)

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

O Valor das coisas

"O valor das coisas não está no tempo em que elas duram,

mas na intensidade com que acontecem

Por isso existem momentos inesquecíveis,

coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis"
Fernando Pessoa

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Shantideva









Shantideva nasceu como um brâmane no país do sul da Saurastra (na moderna Gujarat), no século VIII, filho do Rei Kalyanavarman e recebeu o nome de Shantivarman.


Para todos aqueles que estão doentes no mundo,
Até que todas as suas doenças tenham sido curadas,

Possa eu mesmo tornar-me
O médico, o enfermeiro e o próprio medicamento.

Fazendo cair um dilúvio de alimento e bebida,
Possa eu dissipar os males da sede e da fome,

E, nas épocas marcadas por escassez e carência,
Possa eu próprio aparecer como bebida e sustento.
 

O meu corpo, pois, e também todos os meus bens,
E todos os méritos obtidos e por obter,

Eu os dou todos sem calcular o custo
Para efectuar o benefícios dos seres.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Desapego - Aceitação



 

Desapego e Aceitação são conceitos que andam de mãos dadas. Um dos princípios importantes para conseguirmos alcançar ambos é a não permissão que factores de ordem diversa possam interferir, quer com a nossa alegria, quer com a nossa paz interiores.

Muitas vezes, a dificuldade em nos mantermos neste estado depende do medo que nos assola, frequentemente face à impermanência do mundo que nos rodeia, que vai gerando apego e criando um bloqueio à nossa volta que, por sua vez, dificulta que o fluxo do Espírito e os anseios da Alma fluam livremente através de nós.

Uma das formas de ultrapassarmos este estado poderá ser através da criação de um ambiente ou de um modus vivendi em que permaneçam estados de espírito de paz, de alegria e de felicidade elevados.

A meditação, nem que seja por períodos de dez minutos diários, a harmonia de que podemos rodear o ambiente em que vivemos, o contacto com a natureza, tão assiduamente quanto possível, proporciona-nos paz, alegria e prosperidade.


Aceitar que o que é, é, evita que nos manifestemos emocionalmente de uma forma menos pacífica e até, por vezes, um pouco agressiva e isto tornar-se-á tão mais fácil, na medida em que ouvirmos a nossa intuição e o nosso coração.


Bom Ano de 2012!

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

O trabalho pode esperar, a vida não


Normalmente levo os meus dois netos à escola. É muito perto da minha casa e sempre vamos falando um pouquinho. Além do que, eu começo a trabalhar mais tarde do que a minha filha, por isso a logística da manhã fica mais facilitada.
Hoje saímos ligeiramente mais tarde. Comentei com eles no carro: "Seus malandrecos, hoje atrasámo-nos mais ..."
O mais pequenino, que tem oito anos, respondeu-me: "Não faz mal vó, o trabalho pode esperar, a vida não!".

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

As toalhas de cozinha da D. Margarida



No dia 31, ao fim da manhã, fui tomar um café ao sítio do costume. Uma senhora de idade olhava orgulhosa para um bolo de aniversário enorme, que estava na montra da pastelaria. Tinha de dar para cerca de 50 pessos, por isso era tão grande. Percebi que ia visitar o filho, que fazia anos no dia 1 e que vivia numa instituição, noutra aldeia ali perto.

Mas, apesar da orgulho no bolo que levaria, as lágrimas caíam sobre o balcão de mármore escuro, de uns olhos pequeninos e meigos.

Perguntei se podia ajudar. Que não, que não, tinha de ir ver o filho e levar-lhe o bolo - "Está lindo, não está? É para todos os amigos dele. São alguns cinquenta! É tão grande que não consigo levá-lo no comboio."

Perguntei para onde queria ir, respondendo primeiro que era só até à Malveira. "- Mas o seu filho está lá à sua espera?" - "Não, está no Telhal, mas eu apanho o comboio e vou, já estou habituada!"

E as lágrimas continuavam a cair. - ""Estou sozinha, estou sozinha, sabe?". Não está nada, vamos enxugar essas lágrimas e deixar essa cara linda ficar mais linda ainda. Vá almoçar e, às 2h, encontramo-nos aqui, pode ser?"

- "Mas a sra. nem me conhece... eu ..."

- "Vamos lá, vá almoçar e daqui a pouco, encontramo-nos aqui as duas, pode ser?"

Tudo combinado, feitas as compras de última hora para a noite de passagem do ano, não me sobrou tempo para almoçar, mas a fome também não me bateu à porta.

Quando ia a sair encontrei a D. Rosa, que vive sozinha desde que, em Maio passado, o marido partiu. Perguntei : "- Bora ao Telhal?"

"- É só trocar de calças e o que estava a fazer pode ser feito depois!"

E lá estava a D. Margarida à espera, à porta da pastelaria. O bolo, numa caixa enorme, um bolo rei e mais uns saquinhos ... e o tabaco, para dar ao filho.

Fomos por uma estrada interior. A D. Rosa conhece tudo. Sempre ali viveu.

Quando chegámos, o filho ia a passar, no sentido contrário ao do carro, e a D. Margarida exclamou, no banco de trás "- Ah! O meu filho vai ali!..."

Pelo retrovisor vi que o filho tinha invertido a marcha e corria em direcção ao carro. - Mãe ?! Ai a minha mãe!"

Abraçaram-se  enquanto outros habitantes da mesma instituição iam perguntando o meu nome, de onde era, e me desejavam Bom Ano.

Depois de me ter certificado de que a D. Margarida tinha onde ficar, abracei-os, desejei um Bom Ano e ela entrega-me um pequeno saco de plástico branco com duas toalhas de cozinha debruadas, a fio branco, por ela.

Há pessoas extraordinárias, na verdade. Como é que uma mãe triste por estar só, preocupada por não saber como vai ter com o filho para com ele celebrar o aniversário, ainda tem tempo para se lembrar das toalhas de cozinha.

Grata, D. Margarida, por ter cruzado o meu caminho.