sexta-feira, 25 de maio de 2012

Ganesha


Ganesha - Katmandu -Nepal

 Shiva e Parvati - Katmandu - Nepal

Ganexa ou Ganesha ou Ganesh é um dos mais conhecidos e venerados deuses do Hinduísmo. É o primeiro filho de Shiva e de Parvati, marido de Buddhi (também chamada Riddhi)

'Ga' simboliza Buddhi (intelecto) e 'Na' simboliza Vijnana (sabedoria). Ganesha é, assim, considerado o mestre do intelecto e da sabedoria. É representado como uma divindade amarela ou vermelha, com uma grande barriga, quatro braços e cabeça de elefante, com uma única presa, montado num rato

Normalmente é representado sentado, com uma perna levantada e curvada por cima da outra. Em geral, antepõe-se ao seu nome o título Hinduu de respeito 'Shri' ou Sri.
Ganesha é o símbolo das soluções lógicas. Com corpo humano e cabeça de elefante, fazendo-se transportar por um rato.

Desta forma Ganesha representa uma solução lógica para os problemas, ou "Destruidor de Obstáculos". Normalmente é adorado juntamente com Lakshmi (a deusa da abundância), pelos mercadores e homens de negócio. Na verdade, a solução lógica para os problemas e a prosperidade são inseparáveis.
O culto de Ganesha encontra-se amplamente difundido, mesmo fora da Índia. Os seus devotos são chamados Ganapatyas.

 

Ganesha representa o perfeito equilíbrio entre força e bondade, poder e beleza.
Ganesha é uma divindade muito amada e frequentemente invocada, uma vez que é o Deus da Boa Fortuna, que proporciona prosperidade e fortuna e também o Destruidor de Obstáculos de ordem material ou espiritual. É por isso que o seu nome é invocado antes de iniciar qualquer tarefa (por exemplo, viajar, prestar uma prova, realizar negócios, uma entrevista de trabalho, realizar uma cerimônia) com Mantrass como: Aum Shri Ganeshaya Namah (salve o nome de ganesha), ou similares.

É também por este motivo, que tradicionalmente, todas as sessões de bhajann (cântico devocional) se iniciam com uma invocação de Ganesha, o Senhor dos "bons inícios". Por toda a Índia de cultura hindu, o Senhor Ganesha é a primeira deidade colocada em qualquer nova casa ou templo.
Ganesha é associado com o primeiro chakra, que representa o instinto de conservação e sobrevivência e de procriação. O nome desse chakra é muladhara.

Atributos Corporais

Cada elemento do corpo de Ganesha tem seu próprio valor e seu próprio significado:
  • A cabeça de elefante indica fidelidade, inteligência e poder discriminatório;
  • O facto de ter apenas uma única presa (a outra está quebrada) indica a habilidade de Ganesha de superar todas as formas de dualismo
  • As orelhas abertas denotam sabedoria, habilidade de escutar pessoas que procuram ajuda. Simbolizam a importância de escutar para poder assimilar ideias. As grandes orelhas indicam que quando Deus é conhecido, todo conhecimento também é;
  • A tromba curvada indica as potencialidades intelectuais que se manifestam na faculdade de discriminação entre o real e o irreal;
  • Na testa, encontra-se desenhado o Trishula (arma de Shiva, similar a um Tridente), simbolizando o tempo (passado, presente e futuro) e a superioridade de Ganesha sobre ele; também representam os chamados "três modos da natureza material", bondade, paixão e ignorância, que são superados por Ganesha e seu pai, Shiva.
  • A barriga de Ganesha contém infinitos universos. Simboliza a benevolência da natureza e a equanimidade, a habilidade de Ganesha de sugar os sofrimentos do Universo e proteger o mundo;
  • A posição das suas pernas (uma a descansar no chão e a outra em pé) indica a importância da vivência e participação no mundo material, assim como no mundo espiritual, a habilidade de viver no mundo sem ser do mundo.
  • Os quatro braços de Ganesha representam os quatro atributos do corpo subtil, que são: mente (Manas), intelecto (Buddhi), ego (Ahamkara), e consciência condicionada (Chitta). O Senhor Ganesha representa a pura consciência - o Atman - que permite que estes quatro atributos funcionem em nós;
    • A mão segurando uma machadinha, é um símbolo da restrição de todos os desejos, que trazem dor e sofrimento. Com esta machadinha Ganesha pode repelir e destruir os obstáculos. A machadinha é também para levar o homem para o caminho da verdade e da rectidão;
    • A segunda mão segura um chicote, símbolo da força que leva o devoto para a eterna beatitude de Deus. O chicote transmite-nos que os apegos mundanos e desejos devem ser deixados de lado;
    • A terceira mão, que está em direção ao devoto, está numa pose de bênçãos, refúgio e proteção (abhaya);
    • A quarta mão segura uma flor de lótus (padma), e ela simboliza o mais alto objetivo da evolução humana, a realização do seu verdadeiro eu.

O Senhor cuja forma é Om

Om ou Aum.
Ganesha é também definido como Omkara ou Aumkara, que significa "tendo a forma de Oum (ou Aum). É considerado a encarnação corporal do Cosmos inteiro, está na base de todo o mundo fenomenal.

A presa quebrada


A presa quebrada de Ganesha simboliza a sua habilidade de superar ou "quebrar" as ilusões da dualidade. Porém, existem muitos outros sentidos que têm sido associados a este símbolo.
Um elefante normalmente tem duas presas. A mente também freqüentemente propõe duas alternativas: o bom e o mau, o excelente e o expediente, facto e fantasia. A cabeça de elefante do Senhor Ganesha porém tem apenas uma presa por isso ele é chamado "Ekadantha, " que significa "Ele que tem apenas uma presa", para lembrar a todos que é necessário possuir determinação mental.

Ganesha e o rato


Ganesha montado no seu rato 
Templo de Vaidyeshwara - Índia

Uma das interpretações do divino veículo de Ganesha, o rato ou mushika representa sabedoria, talento e inteligência. Simboliza investigação diminuta de um assunto difícil. Um rato vive uma vida clandestina nos esgotos. Então ele é também um símbolo da ignorância que é dominante nas trevas e que teme a luz do conhecimento. Como veículo do Senhor Ganesha, o rato ensina-nos a estar sempre alerta e a iluminar o nosso eu interior com a luz do conhecimento.
Uma outra interpretação diz que o rato (Mushika ou Akhu) representa o ego, a mente com todos os seus desejos, e o orgulho da individualidade. Ganesha, guiando sobre o rato, torna-se o mestre (e não o escravo) dessas tendências, indicando o poder que o intelecto e as faculdades discriminatórias têm sobre a mente. O rato (extremamente voraz por natureza) é habitualmente representado próximo a uma bandeja de doces com os olhos virados na direção de Ganesha, enquanto segura um punhado de comida entre as suas patas, como se esperando uma ordem de Ganesha. Isto representa a mente que foi completamente subordinada à faculdade superior do intelecto, a mente sob estricta supervisão, que olha fixamente para Ganesha e não se aproxima da comida sem sua permissão.

Casado ou Celibatário?

Ganesha foi gerado por sua mãe Parvati sem a intervenção de Shiva, seu marido. Shiva, de facto, sendo eterno (Sadashiva), não sentia nenhuma necessidade de ter filhos. Consequentemente, o relacionamento entre Ganesha e sua mãe é único e especial.
Essa devoção é o motivo pelo qual as tradições do sul da Índia o representam como celibatário. Diz-se que Ganesha, acreditando ser sua mãe a mais bela e perfeita mulher no universo, exclamou: "Traga-me uma mulher tão bonita quanto minha mãe e eu me casarei com ela".
No Norte da Índia, por outro lado, Ganesha é freqüentemente representado como casado com as duas filhas de Brahma: Buddhi (intelecto) e Siddhi (poder espiritual). Popularmente no norte da Índia Ganesha é representado acompanhado por Sarasvati (deusa da cultura e da arte) e Lakshmi (deusa da sorte e prosperidade), simbolizando que essas características sempre acompanham aquele que descobre sua própria divindade interior. Simbolicamente isso representa o fato de que a abundância, prosperidade e sucesso acompanham aqueles que possuem as qualidades da sabedoria, prudência, paciência, etc. que Ganesha simboliza.

Histórias Mitológicas

Como ele obteve sua cabeça de elefante?

A mitologia altamente articulada do Hinduísmo apresenta muitas histórias na qual é explicada a maneira que Ganesha obteve sua cabeça de elefante; freqüentemente a origem desse atributo particular é encontrado nas mesmas histórias que narram seu nascimento. E muitas dessas mesmas histórias revelam as origens da enorme popularidade do culto a Ganesha.

Decapitado e reanimado por Shiva

A mais conhecida história é provavelmente aquela encontrada no Shiva Purana. Uma vez, quando sua mãe Parvati queria tomar banho, não havia guardas na área para protegê-la de alguém que poderia entrar na sala. Então ela criou um ídolo na forma de um garoto, esse ídolo foi feito da pasta que Parvati havia preparado para lavar seu corpo. A deusa infundiu vida no boneco, então Ganesha nasceu. Parvati ordenou a Ganesha que não permitisse que ninguém entrasse na casa e Ganesha obedientemente seguiu as ordens de sua mãe. Dali a pouco Shivaa retornou da floresta e tentou entrar em casa, Ganesha parou o Deus. Shiva enfureceu-se com este garotinho estranho que tentava desafiá-lo. Disse a Ganesha que era o marido de Parvati e disse que Ganesha poderia deixá-lo entrar. Mas Ganesha não obedecia a ninguém que não fosse sua querida mãe. Shiva perdeu a paciência e teve uma feroz batalha com Ganesha. No fim, ele decepou a cabeça de Ganesha com seu Trishula (tridente). Quando Parvati saiu e viu o corpo sem vida de seu filho, ela ficou triste e com muita raiva. Ordenou que Shiva devolvesse a vida de Ganesha imediatamente. Mas todas as tentativas para encontrar a cabeça foram em vão. Como último recurso, Shiva foi pedir ajuda a Brahma, que sugeriu que ele substituísse a cabeça de Ganesha pela do primeiro ser vivo que aparecesse no seu caminho com a cabeça na direção norte. Shiva mandou o seu exército celestial (Gana) procurar a cabeça de qualquer criatura que estivesse a dormir com a cabeça virada para norte. Encontraram um elefante moribundo e, após a sua morte, colocaram a cabeça do elefante no corpo de Ganesha trazendo-o de volta à vida. Dali em diante ele é chamado de Ganapathi, ou o chefe do exército celestial, que deve ser adorado antes de iniciar qualquer atividade.


Estátua de Ganesha do Séc. XIII

Festivais e adorações a Ganesha

Na Índia existe um importante festival em honra do Senhor Ganesha. Mesmo sendo mais popular no estado de Maharashtra, o festejo estende-se por toda a Índia. A celebração dura dez dias e o seu início foi uma maneira de promover o sentimento nacionalista quando a Índia era governada pelos Ingleses. Este festival culmina quando a murti do Senhor Ganesha é imergida na água.


Comunidade indiana em Paris - Celebração de Ganesha

As representações de Shri Ganesh são baseadas em milhares de anos de simbolismo religioso que resultaram na figura de um deus com cabeça de elefante. Na Índia, as estátuas são expressões de significado simbólico e que por isso nunca foram reivindicadas como réplicas exatas da entidade original. Ganesha não é visto como um entidade física, mas como um alto ser espiritual, e murtis, ou representações em estátua, atuam como notificação dele como um ideal. Por isso, referir-se às murtis como ídolos trai os entendimentos Ocidentais Judaico-Cristãos de veneração insubstancial de um objeto ao considerar que na Índia, as deidades Hindus são vistas como acessíveis através de pontos simbólicos de concentração conhecidos como murtis. Por esse motivo, a imersão das murtis de Ganesh em rios sagrados próximos é compreensível, pois as murtis são entendidas como sendo apenas apreensões temporais de um ser superior ao invés de serem 'ídolos,' que são tradicionalmente vistos como objetos adorados por causa da sua divindade própria.
A adoração de Ganexa no Japão vem desde o ano 806.

Ressurgimento da popularidade

Recentemente, houve um ressurgimento da adoração a Ganesha e um aumento do interesse no "Mundo Ocidental", devido a supostos milagres em Setembro de 1995. No dia 21 de setembro de 1995, de acordo com a revista Hinduism Today (www.hinduismtoday.com), as estátuas de Ganesha (e de alguns outros deuses da família de Shiva) na Índia começaram a beber leite espontaneamente quando uma colher cheia era posta perto da boca das estátuas em honra ao deus elefante. Os fenômenos propagaram-se de Nova Délhi a Nova York, Canadá, Ilhas Maurício, Quênia, Austrália, Bangladesh, Malásia, Reino Unido, Dinamarca, Sri Lanka, Nepal, Hong Kong, Trinidad e Tobago, Grenada e Itália, entre outros lugares.

Isto foi visto como um milagre por muitos, mas muitos céticos afirmaram que isso foi outro exemplo de histeria coletiva. Alguns experimentos científicos conduzidos naquela época sugeriram a ação capilar como uma explicação para este fenômeno. Permanecia um mistério o porquê do fenômeno não haver se repetido até que o mesmo ocorresse novamente em 21 de agosto de 2006. Agora a questão é por que o fenômeno se repetiu.
O livro Ganesha, Remover of Obstacles de Manuela Dunn Mascetti é outra de muitas fontes que testemunham o Milagre hindu do leite.

Popularidade de Ganesha

Ganesha possui duas Siddhis (simbolicamente representadas como esposas ou consortes): Siddhi (sucesso) e Riddhi (prosperidade). É amplamente acreditado que "onde quer que esteja Ganesh, lá existe Sucesso e Prosperidade" e "onde quer que haja Sucesso e Prosperidade, lá está Ganesh". É por isso que Ganesha é considerado como aquele que traz boa sorte, e a razão pela qual ele é invocado primeiro antes de qualquer ritual ou cerimônia. Seja ela o Diwali Puja, ou uma nova casa, novo transporte, antes de uma prova estudantil, antes de entrevistas para emprego, é para Ganesha que se ora, porque acredita-se que ele irá vir para ajudar e garantir sucesso em qualquer empreitada.
Ganesha é venerado como Vinayak (culto) e Vighneshvar (removedor de obstáculos). Acredita-se que ele abençoa aqueles que meditam sobre ele. Ganesha, na astrologia, ajuda as pessoas a saber o que pode ser alcançado e o que não pode.

Os nomes de Ganesha


Estátua de Ganesha
Assim como outras Murtis hindus (ou deuses e deusas), Ganesh tem muitos outros títulos de respeito ou nomes simbólicos, e é frequentemente venerado através do canto dos sahasranama, ou mil nomes. Cada um é diferente e carrega um sentido diferente, representando um aspecto diferente do deus em questão. Quase todos os deuses Hindus têm uma ou duas versões aceitas de suas próprias liturgias dos mil nomes (sahasranam).

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Hoje





Aqui continuo, com tarefas cada vez menos interessantes, mais obsoletas e com uma vontade enorme de partir, partir para outras paragens, para outras tarefas de maior utilidade, que me ajudem a crescer cada vez mais e a poder partilhar com quem estiver destinado a ser, as experiências que a Vida me oferece diariamente.

De facto, uma carta aqui, um telefonema acolá, um suspiro para intervalar e as coisas vão correndo devagar. A pergunta surge de quando em vez: como pode este País avançar, a esta velocidade que nem de cruzeiro podemos chamar? Uns deleitam-se com refeições a preços de gastos mensais imperativos de outros que, por sua vez, aguardam muitas vezes deitados, para não haver dispêndio supérfluo de energia, pois não têm como repô-la.

E nesta crise que não é, alguns vivem em crise.